After all is said and done...

 Acordou com uma sensação de ressaca: cabeça pesada, boca amarga e o coração dolorido. Lembrou-se de tudo, das doses de rejeição que a fizeram tomar, dos shots de " você não é a pessoa certa pra mim" e das várias e várias garrafas de "eu nunca te quis". Quando levantou da cama, viu nos pés as marcas da lama pela qual  se arrastou até chegar em casa, sabe-se lá como.
Sedenta, engoliu a água do copo que estava no criado-mudo, em cima de um bilhete: Beba-me! Por um instante achou que fosse Alice, entrando no País das Maravilhas e saindo da realidade que a esperava. Mas não passou de imaginação, de pura vontade de fugir do tudo que estava por vir...
Na garganta estava adormecido o grito de dor pelo amor perdido, ou que nunca foi correspondido. A água o acordou, deixando-o irado e fazendo crescer, a ponto de quase sufocar aquela pobre. Um gole de realidade pra que tudo viesse a tona.
Nenhum analgésico irá aliviar.
Nenhuma palavra ajudará.
Apenas o tempo.
Que não cura.
Amortiza!

Antes de dormir, rezei e pedi pra que tudo tivesse se resolvido no momento em que eu acordasse...
Nada mudou.
Apenas eu, que me fortaleci.

Once upon a time...

Mas em um piscar de olhos, o pesadelo se concretizou. O "Para Sempre" se tornou um tímido "Até Breve",  os braços não se encontram mais no abraço e beijos foram esquecidos.
          Esquecido, ficou o amor.
Coração apertado e machucado, tão machucado que respirar doía, afinal, como se vive sem um pedaço? Acordar todas as manhãs era um ato de coragem, ou a forma de encarar os fatos e sofrer desperta, aquilo que os sonhos também não permitiam ser esquecido: Um peito em brasa, planos em pedaços pelo chão do quarto ao lado das centenas de fotos rasgadas e lavadas pelas lágrimas salgadas que caíam incessantemente e acompanhando aquela nova etapa da vida, de caminhar com as mãos vazias, não olhar pra trás  para ver aquela curva, onde o motivo do riso ficou pra trás.
A hora de levantar e sacudir a poeira vai chegar, mas agora é para ser vivida a dor.